Saiba por que cristãos do mundo inteiro estão boicotando o longa
O que se pode esperar quando Hollywood coloca as mãos na Bíblia? Uma megaprodução cinematográfica com orçamento de US$ 125 milhões (cerca de R$ 282 milhões), com direito a gigantes feitos de pedra, batalhas e explosões. Tudo isso somado a uma liberdade artística e uma imaginação excessivamente fértil do diretor Darren Aronofsky, que, por sinal, é ateu. O resultado é um longa-metragem sombrio, protagonizado pelo ator Russell Crowe, que dá vida a um Noé perturbado, que em quase nada lembra o escolhido por Deus no livro de Gênesis.
O abismo em relação ao que é relatado na Bíblia e a livre interpretação de Aronofsky geraram controvérsias. Países como Catar, Bahrein, Indonésia e Emirados Árabes declararam que a megaprodução hollywoodiana não chegará às suas telonas, enquanto Egito, Jordânia e Kuwait também mostraram intenção semelhante de proibir a exibição. Aqui no Brasil quem assistiu reclama do tempo perdido e do dinheiro jogado fora. “Acabei de chegar do cinema e estou profundamente decepcionada com o filme ‘Noé’. Na realidade, ele é antibíblico. Nele, até o diabo é um guardião bonzinho que na hora de morrer pede perdão e é salvo, a arca é construída em dez anos, o dilúvio dura apenas nove meses e, para encerrar, Matusalém morre nas águas do dilúvio”, desabafa Renata Rivielo, que assistiu ao filme no Rio de Janeiro.
Já o pastor Rodrigo Prota, após conversar com algumas pessoas que assistiram ao filme e ver imagens na internet, fez um desabafo: “Não vou assistir o filme. O trailer me deixou ansioso, mas percebi depois que ele foi estratégicamente editado para atrair e enganar quem conhece a verdadeira história. Durante toda a trama o nome de Deus nunca é citado. Existem anjos caídos, que na linguagem bíblica são demônios, que tentam ajudar Noé. Tudo bem colocar algumas coisas para complementar qualquer filme de história bíblica, já que a Bíblia em alguns casos não entra em detalhes. Fizeram uma bagunça com a história. Houve uma total distorção”, declara.
Há quem defenda a intenção do diretor, argumentando que ele não se baseou na Bíblia para contar a história de Noé, mas em outras mitologias, já que a história do dilúvio é contada por outros povos ao longo dos séculos. No entanto, Aronofsky admitiu que quis produzir um filme baseado na história do Noé bíblico. “Eu definitivamente queria fugir do clichê dos filmes bíblicos que mostram as pessoas da Judeia em túnicas e calçando sandálias. Isso aconteceu há muito tempo, o mundo pré-dilúvio estava na Bíblia, algo muito mágico e místico, que trata de anjos andando pelo planeta e de pessoas vivendo no milênio”, disse em entrevista ao site Collider.
Para Prota, o grande sucesso do filme nos Estados Unidos, que na semana de estreia superou a arrecadação de US$ 44 milhões, mostra um interesse da população em assistir histórias bíblicas. “A verdadeira história de Noé é fascinante e, por si só, já seria uma das grandes bilheterias da Paramount. As pessoas acreditam que o filme realmente vai falar sobre a Bíblia, mostrar a fé de Noé, mas na realidade é uma grande mentira, pois omite fatos importantes”, afirma o pastor.
O apelo comercial da Paramount, estúdio responsável pela produção, acabou se tornando um desserviço para aqueles que querem conhecer uma das mais importantes histórias da Bíblia. Noé foi um homem justo e exatamente por isso foi escolhido por Deus para sobreviver ao dilúvio e construir a famosa arca.
Além dos monstros de pedra, os “demônios do bem”, e das batalhas que nunca existiram nas Escrituras Sagradas, a distorção da imagem e do caráter de Deus é a mais grave e imperdoável das controvérsias do filme. Este “deus” do filme é cruel, intolerante e distante. A aliança dEle com seu povo (a parte mais importante da história de Noé) foi completamente ignorada. Você assistiria um filme que distorce a sua história e das pessoas que ama? Somente ao deixarmos de ver produções como essa é que Hollywood vai entender que não pode usar a Palavra de Deus da maneira que quiser.
Fonte: Folha Universal edição 1149 mundo
Por Amanda Aron / Foto: Fotolia - AFP - Divulgação
Por Amanda Aron / Foto: Fotolia - AFP - Divulgação
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